Este espaço do Sítio da Leitura é dedicado aos pesquisadores e estudiosos da Teoria da Leitura. Oferece uma fonte permanente e atualizada de referências bibliográficas do tema, a partir da seleção de livros, capítulos de obras, ensaios, artigos publicados em revistas especializadas, resenhas, teses, dissertações e acesso às mídias digitais. Nossa intenção ao divulgar esta bibliografia é ampliar as informações e contribuir para o fortalecimento desses estudos teóricos.
AGOSTINHO, Sto. Confissões. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
O Livro X que apresenta a segunda parte de Confissões, onde Agostinho louva Deus, traz reflexões relevantes do autor para os estudiosos da Leitura. O tema privilegiado é a memória. Segundo Agostinho, é nos “campos e vastos palácios da memória” que se preservam “tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie”.
ALENCAR, José de. Como e porque sou romancista. Rio de Janeiro: ABL, 1987.
O texto em questão é o prefácio do livro Sonhos d’ouro, do escritor romântico. Segundo o crítico literário Afrânio Coutinho, este documento é um “autêntico roteiro de teoria literária”. Constitui “um corpo de doutrina estética literária que o norteou em sua obra de criação propriamente dita, sobretudo no romance”[1]. Para o estudioso da Leitura um dos aspectos relevantes do texto é a importância que a leitura representou em sua formação escolar.
ARENDT, Hanna. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
No prólogo desta obra, Arendt faz menção à linguagem, ao discurso, à capacidade do homem de se expressar, ao poder das palavras. Diz ela: “(…) tudo o que os homens fazem, sabem ou experimentam só tem sentido na medida em que pode ser discutido (…) os homens no plural só podem experimentar o significado das coisas por poderem falar e ser inteligíveis entre si e consigo mesmos”.
ARISTÓTELES. Poética. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, l973.
Aristóteles, autor de Poética, nasceu em 384 a. C., em Estagira, e morreu em Atenas, em 322 a. C. Os 26 livros que se compõem dos fragmentos resgatados de sua produção, despertaram a curiosidade de muitos dos seus leitores, dando base aos estudos sobre gêneros literários como a poesia, a comédia, a tragédia e a epopeia. A mimese e a catarse são temas fundamentais em sua reflexão.
AUSTIN, J.L. Quando dizer é fazer: palavra de ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
Na apresentação desta obra, o filósofo Danilo Marcondes de Souza Filho mostra que “o ponto central da concepção de Austin e a sua principal contribuição para a filosofia da linguagem parece ser a ideia de que a linguagem deve ser tratada essencialmente como uma forma de ação e não de representação da realidade.
(…) a investigação filosófica da linguagem deve realizar-se com base não em uma teoria do significado, mas em uma teoria da ação”[2].
AUSTIN, J. L. Sentido e Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
A obra sugerida é a compilação de anotações esparsas do autor acerca de aulas que ministrou sobre o tema e de anotações de seus alunos de graduação, ou de interlocutores, às quais foi dada a forma de redação. As doutrinas que o filósofo apresenta acerca da percepção sensível remontam a Heráclito, Descartes ou Berkeley. Algumas já eram bastante antigas na época de Platão[3].
BACHERLARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1988.
Contrário à Ideia de que o espaço da casa represente um objeto, o capítulo I, da Poética do espaço, de Gaston Bachelard, reflete sobre as relações simbólicas pelo viés da relação realidade e imaginação na construção de um ideário marcado pela fenomenologia. Essa linha leva à reflexão em torno das relações oníricas que simbolicamente transcendem do espaço físico e da materialidade, muitas vezes pensada em seus atributos utilitários, e nos faz perceber a ideia de que “todo espaço verdadeiramente habitado traz a essência da noção de casa” (p. 358).[4]
BACHERLARD, Gaston. O Novo espírito científico. Lisboa: Ed. 70, 1986.
Destacam-se “como características centrais da nova época das ciências, a ideia da ruptura com o senso comum, o pensamento matemático como organizador da experiência, o conceito de fenomenotécnica, a noção de número científico como essência do objeto das novas ciências, o estatuto social do conhecimento científico e a noção de racionalismo aplicado. Tais características não encerram uma explicação total acerca da epistemologia bachelardiana com relação à nova base científica das ciências na contemporaneidade[5].
BACHERLARD, Gaston. A Filosofia do “não”. São Paulo: Ed. Abril, 1984.
Pelo estudo (de) três campos – química, física e lógica -, Bachelard mostra o caráter incitativo da filosofia indutiva e sintética, que ele reúne sob o título “filosofia do ‘não”’. Esta serve de fundamento a um supra racionalismo, que determina as propriedades de um supra objeto, “resultado” de uma objetividade que do objeto só retém aquilo que nele criticou (o átomo, definido como soma das críticas sucessivas às quais foi submetida sua imagem primeira, constitui exemplo disso na microfísica contemporânea)[6].
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoievski. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense- Universitária, 2005.
Segundo o tradutor e apresentador desta edição da obra de Bakhtin, Paulo Bezerra (UFFF-USP), não estamos diante de um simples livro de crítica literária, estamos diante de um livro de teses. Nele encontramos as teses do romance polifônico, da dialogia, da carnavalização da literatura, uma inovadora concepção dos gêneros literários e sua transformação na obra de Dostoiévski.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 12ª ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
“Esse volume, que tem por subtítulo Os problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem, antecipa as atuais explorações realizadas no campo da sociolinguística e, principalmente, consegue preceder as pesquisas semióticas de hoje e fixar-lhes novas tarefas de grande envergadura. A “dialética do signo”, e do signo verbal em particular, que é estudada no livro conserva, ou melhor, adquire um grande valor sugestivo à luz dos debates semióticos contemporâneos”. Roman Jakobson[7]
BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade: O Pintor da vida moderna. 4ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
Neste ensaio, Baudelaire traça um retrato da Modernidade, captando flashes que caracterizam aquele momento. Inicia opondo dois tipos de apreciador da arte, aquele que valoriza a já popularizada e aceita como arte e o apreciador que vai em busca do mais atual, da novidade, do presente e que por isso descobre o que está surgindo como arte. Baudelaire se propõe ater-se estritamente à pintura de costumes do presente, pela sua qualidade essencial de presente. Assim valoriza o ousado, o original, criando o conceito de modernidade na arte.
BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1977.
Este livro apresenta a aula inaugural da Cadeira de Semiologia Literária do Colégio de França, pronunciada por Barthes em 07 de janeiro de 1977. O tema da aula é a Semiologia e seus objetos de estudo: a Língua e a Linguagem, bem como as demais áreas que se ocupam desses estudos como a Linguística, a Literatura, a Análise do discurso.
BARTHES, Roland. O Grão da voz: entrevistas 1962-1980. Lisboa: Edições 70, 1981.
“Transcrita, a palavra evidentemente muda de destinatário, e por isso mesmo de sujeito, pois não há sujeito sem Outro. O corpo, embora sempre presente (…), cessa de coincidir com a pessoa, ou, para dizer ainda melhor: a personalidade. O imaginário do falante muda de espaço: já não se trata mais de pedido, de apelo; trata-se de instalar, de representar um descontínuo articulado, ou seja, na verdade, uma argumentação.”[8]
BARTHES, Roland. O grau zero da escrita: seguido de novos ensaios críticos. São Paulo: Cultrix, 2004.
“Há (…) um impasse da escrita, e é o impasse da própria sociedade: os escritores de hoje o sentem: para eles, a busca de um não-estilo, ou um estilo oral, de um grau zero ou de um grau falado da escrita é, em suma, a antecipação de um estado absolutamente homogêneo à sociedade; a maioria compreende que não pode haver linguagem universal fora de uma universalidade concreta, e não mais mística ou nominal, do mundo civil.”[9]
BARTHES, Roland. O Prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 1973.
Barthes, através de uma seleção vocabular que privilegia o campo semântico do prazer, da sensualidade, do erotismo, faz uma comparação entre o prazer das relações amorosas entre duas pessoas e a fruição entre o leitor e o texto literário. “Texto de prazer (…) está ligado a uma prática confortável da leitura (…) é aquele que vem da cultura. Texto de fruição aquele que põe em estado de perda, aquele que desconforta (talvez até um certo enfado), faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas, do leitor, a consistência de seus gostos, de seus valores e de suas lembranças, faz entrar em crise sua relação com a linguagem.
BARTHES, Roland. Roland Barthes por Roland Barthes. Paris: Seuil,1975.
Barthes
O trecho a seguir demonstra como Barthes se propõe desvelar, através de um jogo que pouco revela: “(…) tenho a ilusão de acreditar que, ao quebrar meu discurso, cesso de discorrer imaginariamente sobre mim mesmo, atenuo o risco de transcendência; mas o fragmento (o haicai, a máxima, o pensamento, o pedaço de diário) é finalmente um gênero retórico e como a retórica é aquela camada da linguagem que melhor se oferece à interpretação, acreditando dispersar-me, não faço mais do que voltar comportadamente ao leito do imaginário”[10].
BARTHES, Roland. O rumor da língua. Lisboa: Edições 70, 1984.
“Os ensaios aqui reunidos vêm, oportunamente, repor Barthes em circulação. O estardalhaço da publicidade que acompanhava suas publicações nos anos 70 não se fará ouvir; tanto melhor, poderemos agora ouvir a sua voz e aprender, com ele, a escutar o sutil rumor da linguagem. Estes são artigos publicados postumamente no quarto e último volume da série Ensaios Críticos.”[11]
BASARAB, Nicolescu et alii. Educação e transdisciplinaridade. Brasília: UNESCO, 2000.
“A transdisciplinaridade, como o prefixo ‘trans’ indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento. ”Educação e transdisciplinaridade” (em três volumes) apresenta a transcrição de palestras e artigos de diversos membros que formam o CETRANS- Centro de Educação Transdisciplinar, criado em 1998.
BATALHA, Martha Mamede. A Cultura de lombada: análise de projetos culturais implantados pelo Estado Brasileiro. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1997. (Tese)
Ver com Eliana
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. 4ª. Edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.
“Jean Baudrillard nasceu em Reims, na França, em 1929. Professor da Universidade de Nanterre, teve participação ativa nos acontecimentos de maio de 68, ano que marcou também o lançamento de O Sistema dos Objetos, obra que o tornou conhecido como sociólogo dedicado aos estudos das relações entre a produção de bens materiais e o fantasma do consumo”. [12]
BENITEZ, J.J. Eu, Júlio Verne. São Paulo: Mercuryo, 1990.
Para o estudioso J.J.Benitez, autor de “Eu, Júlio Verne [Ed. Mercuryo, SP, 1990], Verne foi “um louco maravilhoso”, profundamente enraizado no mundo do esoterismo e da simbologia, fanático dos enigmas e criptogramas, sendo frequentes em seus livros trocadilhos, jogos de palavras, números secretos, uma permanente contradição e um espírito em constante luta consigo mesmo”.[13]
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política: Ensaios sobre literatura e história da cultura. 7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas; v.1)
Este 1º volume de Obras escolhidas traz dezoito ensaios de Benjamin com temáticas variadas. Nele o autor discorre sobre a arte, tema de vários de seus escritos, sobre o materialismo histórico, o fascismo, a literatura, a dramaturgia, os avanços tecnológicos, a história cultural, entre outros. Há dois ensaios que se destacam para o estudioso da leitura: O Narrador e Experiência e pobreza.
BENJAMIN, Walter. O narrador. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1990.
O Narrador é um dos ensaios do 1º volume de Obras escolhidas. Trata-se de “Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov”, o narrador. Segundo Benjamin, a faculdade de intercambiar experiências está em baixa e por esse motivo a arte de narrar está em vias de extinção. Em suas palavras, o narrador retira da experiência o que ele conta, sua própria experiência ou a relatada pelos outros.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. (trad.) Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984.
Walter Benjamin foi um dos mais notáveis filósofos alemães. Nasceu em Berlim. Estudou Filosofia e doutorou-se com intenção de abraçar a carreira universitária. A obra em questão é a sua tese de livre-docência, reprovada pela banca examinadora. Com a ascensão do nazismo na Alemanha, ele refugiou-se na Dinamarca e depois em Paris, lugares onde produziu grande parte de sua obra.
BENJAMIN, Walter. Porcelanas da China e Ampliações. In. Rua de mão única. 5ª ed. In: Obras Escolhidas, vol. II, São Paulo: Brasiliense, 1995.
Nos fragmentos selecionados, Benjamin, que escreve este livro como cacos de uma demolição, faz a crítica da obra de arte em várias passagens. Destacam-se, além das citadas acima: A técnica do escritor em treze teses; Treze teses contra esnobes; A técnica do crítico em treze teses e Nº.13. O filósofo nasceu em Berlim, onde se graduou. Fugindo das tropas nazistas, suicidou-se em 1940.
BERGSON, Henri. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
“Há tons diferentes de vida mental, e nossa vida psicológica pode se manifestar em alturas diferentes, ora mais perto, ora mais distante da ação, conforme o grau de nossa atenção à vida. Esta é uma das ideias diretrizes da presente obra, a própria ideia que serviu de ponto de partida ao nosso trabalho”. Henri Bergson
BICCA, Luiz. Racionalidade Moderna e subjetividade. São Paulo: Loyola, 1997.
Esta obra é de autoria de Luiz Bicca, professor de filosofia da UERJ, que escreveu, também, entre outros, Marxismo e Liberdade (Loyola, 1987) O mesmo e os outros (7 Letras, 1999). Todos na área da Filosofia. O livro indicado trata da questão da subjetividade, termo inaugurado, para alguns historiadores em Descartes, séc XVII, outros o situam em Hegel ou Nietzche, séc XIX outros, ainda, no séc. XX. De alguma forma, na modernidade.[14]
BLANCHOT, Maurice. O espaço Literário. Rio de Janeiro: Rocco, l987
Em sua análise do espaço literário, Blanchot assim define a obra literária: “a obra — a obra de arte, a obra literária — não é acabada nem inacabada: ela é. O que ela nos diz é exclusivamente isso: que é — e nada mais. Fora disso, não é nada. Quem quer fazê-la exprimir algo mais, nada encontra, descobre que ela nada exprime.” (BLANCHOT, 1987, p. 12).
BLANCHOT, Maurice. Le livre a venir. Paris: Gallimard, l959.
Avec un savoir passionné et anxieux, il nous est parlé de Proust, d’Artaud, de Broch, de Musil, de Henry James, de Samuel Beckett, de Mallarmé, de plusieurs autres et même de celui qui sera, un jour, le dernier écrivain. Mais peut-être, plus que des auteurs et des livres, est-il question ici du mouvement d’où viennent tous les livres et qui détient, d’une manière encore cachée, l’avenir de la communication et la communication comme avenir. Le secret de la littérature, la
littérature comme exigence et comme sens et sa voie à venir se trouvent au centre de ces recherches.[15]
BOHR, Niels. Teoria atômica: publicada em 1913, envolve a física quântica e a construção do saber.
No ano de 1913, três manuscritos publicados no periódico Philosophical Magazine, de autoria do físico dinamarquês Niels Bohr, sob o título “On the Constitution of Atoms and Molecules”, iriam estabelecer as sementes para a descrição quantitativa da estrutura eletrônica de átomos e moléculas. Estes trabalhos pioneiros de Bohr iriam impactar a Química em diversos aspectos fundamentais tais como a estrutura eletrônica dos elementos e sua relação com o conceito de valência, a relação entre periodicidade e configuração eletrônica, e nos princípios básicos da espectroscopia.[16]
BORGES, J.L. Borges, Oral & Sete Noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
“Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso, sem dúvida, é o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua vista; o telefone é extensão da voz; depois temos o arado e a espada, extensões de seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.” (Fragmento inicial do 1º capítulo, O Livro)[17]
BORGES, J.L. Esse ofício do verso. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2000.
“Perdidas há mais de trinta anos, estas seis palestras proferidas por Jorge Luis Borges em 1967-68 na Universidade Harvard agora nos chegam de volta, num lance do destino digno do autor das Ficções. Transcrito de fitas só recentemente descobertas, Esse ofício do verso é um testemunho inédito da leveza e elegância com que um dos maiores escritores do século XX trata os enigmas da língua e da literatura. Além de um comentário profundamente pessoal sobre diversos aspectos da produção literária, o livro é uma introdução aos prazeres da palavra, ao artesanato da escrita”. (Fragmento da apresentação da obra quando do seu lançamento, no Brasil, em 07/12/2000)[18]
BORGES, J.L. Ficções. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2007.
“Ficções reúne os contos publicados por Borges em 1941 sob o título de O jardim de veredas que se bifurcam (com exceção de “A aproximação a Almotásim”, incorporado a outra obra) e outras dez narrativas com o subtítulo de Artifícios. Nesses textos, o leitor se defronta com um narrador inquisitivo que expõe, com elegância e economia de meios, de forma paradoxal e lapidar, suas conjecturas e perplexidades sobre o universo, retomando motivos recorrentes em seus poemas e ensaios desde o início de sua carreira: o tempo, a eternidade, o infinito”. (Fragmento da apresentação da obra quando do seu lançamento no Brasil, em 21/11/2007) [19]
BRAGA, José Luiz et alii. A Encenação dos sentidos: mídia, cultura e Política. Rio de Janeiro: Diadorim, 1995.
“Considerando a complexidade dos processos comunicacionais e o estado atual do conhecimento, a diversidade é produtiva: na insuficiente compreensão de tais processos, é relevante multiplicar as experiências de conhecimento. As Ciências Humanas e Sociais, em geral, são também palco de uma diversidade interna – mas obtiveram espaços de referência comum ou, no mínimo, cenários de desafio e contestação mútuos.” (Entrevista com José Luiz Braga por Eduardo Antônio de Jesus e Mozahir Salomão Bruck)[20]
BRECHT, Bertolt. Diários de Brecht: diários de 1920 a 1922 – anotações autobiográficas de 1920 a 1954. Porto Alegre: L&PM, 1995.
“Diarista compulsivo, Bertolt Brecht (1898-1956) começou cedo a encher páginas e páginas de cadernos com o registro de impressões, fatos, acontecimentos e reflexões relacionados com seu dia-a-dia. Em 1913, aos 15 anos, havia composto seu primeiro Tagebuch, cujos manuscritos, encontrados na década de 1980, foram publicados em fac-símile pela editora Suhrkamp, em 1989. Dois outros diários, editados na década de 1970, detalham a vida do escritor e dramaturgo alemão: o primeiro, do período de 1920 a 1922, e o segundo, o Diário de trabalho (Arbeitsjournal), como passou a ser denominado, que se inicia em julho de 1938 e se estende até julho de 1955. Ao contrário dos dois primeiros, escritos à mão, este diário foi escrito à máquina pelo próprio Brecht, em laudas avulsas”.[21]
ECO, Umberto. Interpretação e superinterpretação. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Este livro é a compilação de sete conferências realizadas no Seminário Tanner, em Cambridge, em 1990. Três delas são de Umberto Eco e tratam dos limites impostos pelo texto à sua interpretação. A última delas é a réplica à interpretação que um dos palestrantes faz de sua obra ficcional O Pêndulo de Foucault, e a quem desafia acerca de outras interpretações ou de uma possível superinterpretação.
LARROSA, J. La experiencia de la lectura: estudios sobre literatura y formación. Barcelona: Laertes S.A. de Ediciones, 1996. Capítulo 1. Literatura, experiencia y formación.
O conceito de experiência, segundo Jorge Larrosa, modificou-se a partir de Bacon e Descartes. Passa a representar não mais o saber que transforma a vida do homem em sua singularidade e sim o método da ciência objetiva, da ciência que se dá como tarefa a apropriação e o domínio do mundo. Experiência converte-se em experimento, uma etapa no caminho que leva à ciência.
LARROSA, J. Pedagogia Profana. Porto Alegre: Contrabando, 1998. Capítulo: A experiência da Leitura
Em Pedagogia Profana, Larrosa, professor do Departamento de Teoria e História da Educação, na Universidade de Barcelona, discute a experiência da Leitura, recorrendo a Heidegger para quem ler “é recolher na colheita do que permanece não dito no que se diz. Ler (e comentar) um texto é, fundamentalmente, escutar a interpelação que nos dirige e fazer-se responsável por ela”.
LASCH, Christopher. A Rebelião das elites e a Traição da Democracia. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.
Esta obra de Lasch traz como tema a traição da democracia que, segundo o autor, está ameaçada e não pelas massas, mas pelas elites que se recusam a aceitar limites ou vínculos com nações ou lugares. A meritocracia, seleção discutível, pois injusta numa sociedade de classes, substituiu o ideal democrático de competência e respeito por todos os homens[22].
LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981, Liv. Martins Fontes, 1987.
Seleção de contos de Clarice em que se destaca o que dá nome à obra por sintetizar primorosamente, em poucas páginas, uma situação do cotidiano: o drama vivido por uma jovem leitora, impossibilitada de satisfazer a paixão pela leitura. O objeto do desejo, a primeira obra infantil de Lobato, não está ao seu alcance. A trama desvenda sentimentos obscuros que movem o ser humano.
LOBATO, Monteiro. Obra Completa. São Paulo: Brasiliense, 1964
Monteiro Lobato é a referência de qualquer bibliografia dedicada à infância e à juventude. Sua capacidade de falar com este público específico, numa linguagem que o respeite como ser pensante, é revolucionária. Lobato é o grande mestre de toda uma geração de autores que, especialmente a partir da década de 70, intensificou a produção de excelentes obras com esse viés.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Diálogos. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
Trata-se de um dos Diálogos escritos por Platão, onde Sócrates apresenta sua defesa contra as acusações de corromper os jovens, seduzindo-os através da sua capacidade oratória. A defesa consiste na estratégia empregada pelo filósofo para levar os jovens à reflexão: a maiêutica, espécie de parto das ideias.
A cada pergunta seguem outras que levam o interlocutor a se confundir.
POUND, Ezra. O que é Literatura, o que é Linguagem? In. ABC da Literatura. Capítulos II a VIII. São Paulo: Cultrix, 1995.
Pound, nestes capítulos, apresenta-nos a Grande Literatura como, simplesmente, linguagem carregada de significados até o máximo grau possível. Aponta as diferenças entre Linguagem e Literatura, observando a utilidade da primeira e a importância da segunda. Oferece-nos, em seguida, um estudo sobre a Poesia por considerá-la a mais condensada forma de expressão verbal.
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TODOROV, Tzvetan. A Literatura reduzida ao absurdo. In A Literatura em perigo. 3ª ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2010.
No Prólogo e no 1º capítulo, um dos representantes do Formalismo Russo reflete sobre a dicotomia entre o leitor e o teórico de Literatura. Mostra o risco que corre a Literatura quando dela nos servimos para desenvolver estudos teóricos ao invés de frui-la pelo prazer. Suas reflexões são o resultado desse equívoco, que identificou no currículo dos ginásios franceses, entre os anos de 1994 a 2004.
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WITTGENSTEIN, L. Da certeza. Lisboa: Edições 70, 1969.
Esta obra é entendida por alguns analistas como uma terceira fase da filosofia de Wittgenstein, em que o filósofo reflete sobre o sentido da dúvida cética e o estatuto das certezas básicas. Wittgenstein defende o caráter especial das proposições da linguagem que expressam as certezas básicas. Tais certezas estariam fora do âmbito da dúvida e funcionariam como condição de possibilidade de qualquer jogo de linguagem. Nesta perspectiva, Wittgenstein aborda os usos comuns dos termos da linguagem, colocando em causa o próprio sentido da discussão sobre a existência do mundo exterior.[23]
WITTGENSTEIN, L. Investigações Filosóficas. In: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
No prefácio, o autor explica de que trata essa obra: “Nessas páginas que se seguem publico pensamentos, sedimento de investigações filosóficas que me ocuparam durante os últimos dezesseis anos. Referem-se a muitos objetos: ao conceito de significação, de compreensão, de proposição, de lógica, aos fundamentos da matemática, aos estados de consciência e outros.” Questões acerca da linguagem, do signo, da frase são bastante discutidas. O autor se refere também ao seu Tractatus Logico-Philosophicus, considerando que as atuais investigações teriam de ser lidas revendo colocações que fez na obra anterior.
WITTGENSTEIN, L. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
Em Pensamento e Linguagem, os críticos consideram que Wittgenstein[24] está numa segunda fase de investigação. Em alguns aspectos aproxima-se de Saussure. Para ambos os linguistas as regras da língua são retiradas da prática, do uso. Nisso reside também a compreensão dos jogos linguísticos: “Chamarei de ‘jogo de linguagem’ (…) a totalidade formada pela linguagem e pelas atividades com as quais ela vem entrelaçada”[25]. “A língua não é mais uma entidade e não existe senão nos que a falam”[26] .
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. 2. Ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
Neste ensaio, compilação de dois artigos lidos perante a Sociedade das Artes, em Newnham e a Odtaa, em Girton, em outubro de 1928, tem-se a resposta da autora a um pedido para que falasse sobre as mulheres e a ficção. O resultado é uma reflexão filosófica profunda sobre a situação da mulher, os desafios no trabalho, em especial como escritora, e os preconceitos que enfrenta na sociedade e na vida.
YUNES, E. Artigo sobre a formação de leitores publicado In: Coluna Prosa & Verso – O Globo. p. 2 – 07/99.
Nesse artigo, Eliana Yunes expõe as dificuldades enfrentadas na implantação da 1ª Política Pública de Leitura no Brasil – Proler, por falta de compromisso das instâncias governamentais com o Programa. O título do artigo é: “Jogo de Responsabilidade no Estímulo à Leitura envolve editores e o Governo: O Problema da Formação de Leitores recebe um tratamento superficial do Estado”.
YUNES, E. Por uma Política Nacional de Leitura. In: PELLEGRINI, Stella. História e Memória do Proler (1992-1996). Uma experiência instituinte de leitura. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2010.
Documento produzido pela Professora Doutora Eliana Yunes, na época, Assessora Especial do Proler e que teve origem em pesquisa que coordenou na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil -FNLIJ. Em 1992, o documento foi apresentado ao Ministério da Cultura como a primeira proposta para implementar uma Política Nacional de Leitura no país.
YUNES, Eliana. Pensar a leitura: complexidade. In: EL Libro – América Latina Y El Caribe, nº 75
Obra composta por dezoito ensaios produzidos por teóricos da leitura e cujos temas giram em torno da leitura, do leitor e das práticas leitoras. Organizada por Eliana Yunes, já na introdução apresenta os fundamentos que apontam para a complexidade da leitura. Ao final, os leitores têm acesso a uma das mais completas bibliografias, específica em estudos da teoria da leitura. (Versão em castelhano)
YUNES, Eliana. Círculos de Leitura: teorizando a prática. In: Revista Teoria e Prática. São Paulo: ALB/Mercado Aberto, 1999.
Artigo que divulga experiências desenvolvidas sob orientação da Professora Eliana Yunes, no Programa Nacional de Incentivo à Leitura- PROLER (1992-1996), e que tem como objetivo a formação de leitores. O texto apresenta uma das mais proveitosas práticas leitoras, a leitura compartilhada, em que um grupo de leitores, organizados em círculo, lê e troca ideias sobre o texto literário.
YUNES, Eliana. Leitura da Leitura. In: Ler. Rio de Janeiro: Proler /FBN, 1994.
Palestra proferida pela Professora Eliana Yunes, em 1994, como Assessora Especial da Política Nacional de Leitura da Fundação Biblioteca Nacional, no Simpósio Nacional de Leitura: Leitura, Saber e Cidadania. Sua proposta era reunir um grupo de pessoas de formação diversa, de experiência diversa, que pudesse pensar em conjunto aquele trabalho em torno da leitura, por acreditar na relação intrínseca entre a formação do leitor e a assunção da cidadania[27].
YUNES, Eliana. Pensando a leitura e a escrita. In: A Leitura Passo a Passo. (Inédito)
YUNES, Eliana. Pensar a Leitura: Complexidade. 3ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
Obra composta por dezoito ensaios produzidos por teóricos da leitura e cujos temas giram em torno da leitura, do leitor e das práticas leitoras. Organizada por Eliana Yunes, já na introdução apresenta os fundamentos que apontam para a complexidade da leitura. Ao final, os leitores têm acesso a uma das mais completas bibliografias, específicas em estudos da teoria da leitura.
YUNES, Eliana. Variações em Torno da Leitura. In: Jornal Pro Leitura. Assis/SP: Unesp, 1998.
Artigo publicado em 1998, no Jornal Pro Leitura, veículo de informação e comunicação que trata da questão da leitura e da formação de leitores. Trata-se de uma edição que circulou, nesse período, no Campus de Assis, da Universidade de São Paulo – UNESP.
YUNES, Eliana. (org) No coração da Palavra
(inédito)
ZUMTHOR, Paul. Letra e Voz. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
Filhos de uma época letrada, dominada pela leitura silenciosa, acabamos por esquecer que na origem de tudo o que se escreve está a voz. A ‘literatura’ medieval foi sobretudo obra da voz, e não da letra. (…) Paul Zumthor explora aqui a complexidade da relação entre letra e voz em todo o Ocidente medieval, estendendo suas observações a algumas práticas poéticas do Extremo Oriente, da África e do Nordeste brasileiro.[28]
[1] COUTINHO, Afrânio. A crítica literária romântica. In. .A literatura no Brasil, vol. ll, Rio de Janeiro, Sul Americana, 2. ed . 1969,
[2] https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2154814/mod_resource/content/0/Austin.pdf
(Acesso em 13/09/2018)
[3] https://pt.scribd.com/document/371977254/AUSTIN-J-L-Sentido-e-Percepcao-pdf
(Acesso em 13/09/2018)
[4] CELERI, Márcio José e PEREIRA, Marcio Roberto. A poética do espaço (Resenha) http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/interespaco/article/view/8365/5376
(Acesso em 13/09/2018)
[5] https://periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/11698 (Acesso em 14/09/18)
[6] Canguilhem, G. (Estudo): “Dialectique et philosophie du non chez Gaston Bachelard” in Études d’histoire et de philosophie des sciences, Vrin, 1983
https://www.centrofic.org/a-filosofia-do-no-gaston-bachelard/ (Acesso em 14/09/18)
[7] http://hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/Bakhtin-Marxismo_filosofia_linguagem.pdf
(Acesso em 14/09/18)
[8] BARTHES, Roland. O Grão da voz: entrevistas 1962-1980.Lisboa: Edições 70.
[9] BARTHES, Roland. O grau zero da escrita, p. 72
[10] BARTHES, Roland. Roland Barthes por Roland Barthes (tradução livre)
[11]PERRONE-MOISÉS, Leyla. Prefácio de O rumor da Língua. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
[12] https://www.travessa.com.br/o-sistema-dos-objetos/artigo/
[13] Texto de Ney Teles de Paula, extraído do livro: “A escada de Jacó e outros escritos”, Asa Editora Gráfica. In. https://balaiode-ideias.blogspot.com/2010/01/imortalidade-em-julio-verne.html
[14] https://books.google.com.br/books?id=Q1JAS1VnYYIC&pg=PA153&lpg=PA153&dq=O+racionalismo+é+assim,+desde+seus+primórdios&source=bl&ots=5
[15] http://www.gallimard.fr/Catalogue/GALLIMARD/Folio/Folio-essais/Le-Livre-a-venir
(Acesso em 18/09/18)
[16] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422013000700001
(Acesso em 18/09/18)
[17] https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12418.pdf
(Acesso em 19/09/18)
[18] https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11328
(Acesso em 19/09/18)
[19] https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12403
(Acesso em 19/09/18)
[20] periodicos.pucminas.br/index.php/teste/article/view/2296/2651 (Acesso em 19/09/18)
[21] https://www.travessa.com.br/diario-de-trabalho-vol-i-1938-1941/artigo/66fa01c2-35c5-4dcb-b842-70a0e659e3af Sinopse (Acesso em 19/09/18)
[22] LASCH, Christopher. A Rebelião das Elites. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. Apresentação da obra pela editora.
[23] Resenha, In. http://www.edicoes70.pt/site/node/487 Acesso em 18/09/18.
[24] WITTGENSTEIN, L . Investigações filosóficas. Petrópolis: Vozes, 1994
[25] WITTGENSTEIN, L . Tractatus logico-philosophicus. São Paulo: Edusp, 2005, p.19.
[26] SAUSSURE, F. de. 1969, Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix/Edusp, p.12.
[27] YUNES, Eliana. Ler. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1994, p.179
[28] https://www.travessa.com.br/a-letra-e-a-voz/artigo/b988